Os herdeiros das oligarquias e o “controle” político numa sociedade midiática
Por Dr. Manoel Alves*
É desastroso ver o herdeiro de um oligarca repetir os passos do pai. O oligarca tinha o controle da sociedade, tinha o poder politico, policial, e clerical. Nomeava o padre, o delegado e juiz da cidade, salvo exagero de retórica.
No Brasil, em particular no Estado do Pará, ainda na década de 80, do século XX, assistimos cenas dignas da dramaturgia brasileira. O jovem Governador governava com os grupos locais, seus submissos. Segundo conta a lenda nomeava delegado, juízes e promotores; os meios de comunicação local eram “controlados”. E os que “teimavam” em falar? Não “teimavam”!
Os meios de comunicação da capital nada divulgavam, assim a população da capital não sabia de nada do que se passava em Marabá, Santarém, Altamira, Curionópolis, Breves, Abaetetuba, Igarapé Miri. Melgaço e demais municípios do Estado. Todos eram felizes, não havia pobreza, desigualdades, corrupção, mortes, assassinatos, fraudes em licitações, desvio de dinheiro público. Tudo estava dominado, e tudo controlado.
Mas eis que, no século XXI, assisto no Jornal O Liberal que o Estado do Pará é o líder no número de morte por COVID-19 no Brasil. O governador é Helder BARBALHO. Incrível coincidência, mas é verdade. É o filho do governador daquela década de 80 do século XX. Lembram, naquela época estava tudo dominado e tudo controlado? Sim, mas o que mudou? O Estado do Pará continua sendo governado pelos BARBALHOS, mas nem tudo está sob controle. O mundo mudou.
A sociedade em rede, conectada por satélite, superou fronteiras físicas e ignora autoridades: politicas, militares, religiosas, hierarquias de qualquer ordem. E assim tirou deles o controle oligárquico, o poder de coronel. Agora, por exemplo, o Brasil e o mundo podem ficar sabendo que o Pará é um Estado pobre, socialmente; embora rico em minérios, biodiversidades, recursos hídricos, florestais, etc.
Mas o Pará lidera o número de casos de morte. Embora todas as vontades do GOVERNADOR tenham sido feitas, o resultado é catastrófico, é irrecuperável. A cada erro são dezenas de vidas, cada vez que não foi disponibilizado os hospitais; cada vez que não foi disponibilizado o remédio como, por exemplo, Cloroquina , azitromicina, ivermectina, ou outros; cada vez que não foi disponibilizado as UTIs; cada vez que não foi disponibilizado os leitos; cada vez que não foi disponibilizados respiradores; cada vez que não foi disponibilizado médicos e enfermeiros; cada vez que foi dada uma entrevista dizendo que estava indignado. Enquanto isso, centenas de pessoas tinham morrido.
No século XXI superamos as oligarquias, vivemos com seus herdeiros e com os atrasos sociais, mas temos a grande vantagem de estarmos numa sociedade em rede, conectada. Mesmo aqueles oligarcas que queiram nos controlar, nunca conseguirão.
*Manoel Alves é Professor, sociólogo, mestre, doutor em ciências sociais e ambientais.
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